O varejo é uma arena implacável, onde os varejistas devem se adaptar a tendências mutáveis e navegar em mares turbulentos para satisfazer as demandas dos consumidores. Em um mundo repleto de incertezas, a criação de um plano robusto é essencial para o sucesso. 

Prepare-se para desvendar os segredos do sucesso no varejo!

Passo 1: Construção de Metas e Plano de Vendas (Open-to-Buy)

Antes de mergulharmos nas complexidades do planejamento de compras, é imperativo estabelecermos nossas metas. Imagine-se tentando montar um quebra-cabeça sem conhecer a imagem final. De maneira análoga, as metas de vendas constituem os alicerces do seu plano. Nesse primeiro passo, exploraremos como criar um orçamento que harmonize suas aspirações de crescimento com a realidade financeira do seu empreendimento.

Definindo Metas Claras

No mundo do varejo, a definição de metas claras equivale a traçar o seu destino. Antes de iniciar qualquer jornada, você precisa saber para onde está indo. Aqui, entram em cena as metas de vendas bem definidas. Elas não devem ser vagas ou arbitrárias, mas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com um prazo (o famoso critério SMART). 

Essas metas devem considerar diversos fatores como histórico de vendas, sazonalidade, tendências de mercado e as aspirações do seu negócio. Pergunte-se: Quanto você deseja vender no próximo trimestre ou ano? Como essa meta se alinha com sua estratégia de negócios mais ampla? 

Ter metas claras não apenas direciona seus esforços, mas também fornece uma maneira objetiva de medir o sucesso.

A Importância da Revisão Contínua

Construir metas e um plano de vendas é um processo que requer revisão e ajustes contínuos. O mercado está em constante mutação, e suas metas precisam ser maleáveis o suficiente para se adaptarem a essas transformações. Isso significa que, mesmo depois de definir suas metas iniciais e Open-to-Buy (OTB), você deve realizar análises regulares para avaliar o progresso e fazer ajustes conforme necessário. 

A revisão contínua permite que você aprenda com o passado, identificando padrões e tendências que podem facilitar suas decisões futuras de compra e estoque. Portanto, lembre-se sempre: antes de comprar e estocar, estabeleça suas metas com clareza e construa uma base sólida para sustentar seu crescimento no varejo.

Passo 2: Estratégia de Coleção e Plano de Sortimento

A Estratégia de Coleção e o Plano de Sortimento são os elementos que dão vida ao seu varejo. Eles são o coração do seu negócio, determinando quais produtos você oferecerá, como eles serão apresentados e como atenderão às necessidades dos seus clientes. Neste segundo passo, exploraremos a arte e a ciência por trás da criação de uma coleção que conquiste seu mercado e gere resultados sólidos.

Coleção como Diferencial Competitivo

A Estratégia de Coleção e o Plano de Sortimento são peças-chave no quebra-cabeça do varejo de sucesso. Eles moldam a percepção da sua marca, atendem às necessidades dos clientes e garantem que seu negócio permaneça relevante no mercado. 

Ao criar uma coleção que reflita sua identidade de marca, que atenda a segmentos de mercado específicos e se adapte ao ciclo de vida dos produtos, você estará no caminho certo para construir um varejo sólido e duradouro. A coleção é muito mais do que apenas produtos; é o diferencial competitivo que define sua marca e cativa seus clientes. Portanto, lembre-se sempre: invista tempo e energia na estratégia da sua coleção, e ela recompensará seu varejo com sucesso contínuo.

Passo 3: Gestão Pré-Season: Organizando seu Cronograma de Atividades

A Gestão Pré-Season é uma fase crítica no planejamento de compras, pois é onde todas as atividades que antecedem a chegada dos produtos ao ponto de venda são cuidadosamente planejadas e coordenadas. Pode-se compará-la à preparação de um grande evento: o sucesso depende de uma organização cuidadosa e da colaboração de várias equipes.

Metodologia Workflow

A gestão pré-season envolve uma série de atividades interdependentes que abrangem diferentes áreas, desde o planejamento até a logística. Para garantir que todas essas atividades sejam executadas de forma eficiente e sincronizada, muitas empresas recorrem à metodologia workflow. 

Imagine um mapa detalhado que delineia todas as etapas, responsabilidades e prazos necessários para preparar sua coleção para o mercado. Isso inclui atividades como planejamento de vendas, desenvolvimento de produtos, negociações com fornecedores, definição de preços e muito mais. O workflow não apenas organiza todas essas atividades, mas também garante que cada equipe saiba o que precisa ser feito e quando. Ele cria transparência, alinhamento e responsabilidade em toda a organização.

O Ciclo da Cadeia de Fornecimento

Uma parte essencial da gestão pré-season é entender o ciclo da sua cadeia de suprimentos. Isso envolve mapear todo o processo, desde a seleção de fornecedores até a entrega de produtos nas suas instalações. 

Ao ter uma visão clara do ciclo da cadeia de fornecimento, você consegue identificar onde podem ocorrer atrasos e problemas e implementar medidas proativas para evitá-los. Lembre-se de que uma gestão eficiente do pré-season não apenas evita problemas, mas também abre espaço para a inovação e oportunidades estratégicas. Portanto, invista tempo e recursos na organização e colha os benefícios de um planejamento de compras sólido.

Passo 4: Gestão In-Season: O Jogo Começou, e Agora?

Agora é a hora de agir! Com os produtos nas prateleiras e online, o varejo entra em ação. Mas, como saber quando um produto está no auge e quando precisa ser ajustado? No quarto passo, exploramos o ciclo de vida do produto, identificamos a idade do estoque e debatemos a polêmica da remarcação. 

Entendendo o Ciclo de Vida do Produto

Um dos conceitos-chave nesta etapa é o ciclo de vida do produto. Cada item em seu estoque tem uma jornada desde o momento em que chega até o ponto de venda até quando é vendido ou, em alguns casos, retirado de estoque. Entender onde um produto está em seu ciclo de vida é crucial para tomar decisões baseadas em fatos e dados.

A Idade de Estoque e Seus Impactos

Outro conceito importante é a idade de estoque. Isso se refere ao tempo que um item fica no estoque antes de ser vendido. Produtos mais antigos podem ser um sinal de problemas, já que podem custar dinheiro em espaço de armazenamento e capital investido. É importante definir metas para a idade de estoque e monitorá-las de perto. Itens que estão envelhecendo devem ser analisados para determinar se é necessário tomar medidas, como redução de preços ou campanhas de marketing direcionadas.

A Remarcação: Mal Necessário?

A remarcação de produtos é uma prática comum no varejo, mas muitas vezes é vista como um último recurso. A remarcação não é apenas uma ferramenta para aumentar as vendas, mas também para liberar espaço em estoque e otimizar o capital. Neste ponto, é importante ter um plano de remarcação já definido, como parte de seu planejamento de vendas e estoque. Isso permite que você reaja rapidamente a produtos que não estão se movendo conforme o esperado, ajustando os preços para aumentar a atratividade e a rotatividade.

Passo 5: OKRs, Métricas e KPIs: Os Indicadores de Performance da sua Coleção

Finalmente, chegamos ao último passo, onde mergulhamos nas métricas e KPIs que fornecem insights valiosos sobre a saúde do seu varejo.

A Bússola da Gestão

Para garantir que sua coleção esteja no caminho certo, você deve estar sempre atento à trinca de ouro do varejo – venda, margem e giro. Não basta apenas vender muito; é importante manter margens saudáveis e evitar que os produtos fiquem parados no estoque.

Best Sellers e Slow Movers

Outra maneira de gerenciar sua coleção é identificando seus Best Sellers (produtos que vendem muito bem) e Slow Movers (produtos que têm uma rotatividade mais lenta). Essa segmentação ajuda a tomar decisões direcionadas. Por exemplo, seus Best Sellers podem ser promovidos com mais destaque nas vitrines ou em campanhas de marketing. Enquanto isso, os Slow Movers podem ser alvo de estratégias específicas, como remarcações ou agrupamentos em promoções.

Estoques Ideais de Loja: Excessos e Faltas

Finalmente, para garantir que cada loja esteja bem abastecida, é fundamental determinar os estoques ideais de loja. Isso significa levar em consideração a meta de vendas de cada local, a cobertura ideal de estoque e o ciclo da cadeia de suprimentos. Identificar excessos e faltas é fundamental para garantir que as lojas tenham o estoque certo no momento certo. O excesso de estoque pode custar dinheiro em armazenamento e reduzir a liquidez, enquanto as faltas podem resultar em perda de vendas e insatisfação do cliente.

Prepare-se para o Sucesso!

Chegamos ao final desta incrível jornada de números e estratégia. Agora, você tem as ferramentas para transformar a gestão de vendas e estoques do seu varejo. 

Lembre-se de que o sucesso no varejo não é um acidente, mas o resultado de um planejamento cuidadoso e da capacidade de adaptar-se às mudanças. Com metas claras, estratégias bem definidas, cronogramas organizados, monitoramento constante e métricas precisas, você está pronto para se destacar em um mercado competitivo.

O varejo é um mundo dinâmico e desafiador, mas também oferece oportunidades emocionantes para aqueles que estão dispostos a inovar e aprimorar constantemente suas operações. Portanto, não se acomode com o status quo. Use esses cinco passos como seu guia e continue explorando novas maneiras de atender e superar as expectativas dos seus clientes.

Agora é a hora de você assumir o controle e fazer com que seu varejo brilhe no cenário competitivo. Estamos ansiosos para ver seu sucesso nas prateleiras e online!

André Alcalde

Partner da Leev Business Advisors 

A transformação digital é um processo de evolução contínuo e fundamental para qualquer negócio que almeje a longevidade no mercado.

Nas últimas décadas, as empresas têm investido cada vez mais em softwares para automatizar processos e aprimorar a gestão. Um estudo da Fujitsu, empresa japonesa líder em tecnologia da informação e comunicação (TIC), confirmou a automação como chave para a eficiência operacional. Mais do que qualquer outra coisa, o setor industrial investe em automação, com 76,8% em planejamento de projetos nos próximos meses, segundo a mesma pesquisa.

Entre diversas melhorias, as tecnologias, incluindo os softwares principalmente, trouxeram uma quantidade significativa de informações e dados. Utilizando-se apenas de software e da capacidade humana, é inviável analisá-los neste volume e nesta granularidade. O próximo salto no ganho de eficiência, portanto, é apostar em tecnologias que aprimorem o processo de depuração. Esse salto é a Inteligência Artificial.

Considerada uma das principais tendências tecnológicas pela Gartner, a IA ainda não tem uma adesão forte na América Latina. Segundo pesquisa da consultoria everis — que abrangeu Brasil, México, Chile, Argentina, Colômbia e Peru —, 55% dos executivos disseram que suas organizações aplicam em IA menos de 10% dos recursos destinados a TI. Paralelamente, cerca de 90% dos executivos acham que esses valores são insuficientes e que falta capital para projetos na área.

Por outro lado, entre os seis países estudados — que concentram cerca de 85% do PIB da região —, o Brasil lidera na implantação de inteligência artificial, em investimento, em recursos envolvidos e na diversidade de aplicações.

Em outras palavras, está na hora dos executivos e líderes brasileiros expandirem a visão sobre as tecnologias necessárias para manter uma empresa competitiva atualmente. Não é preciso parar de olhar para o software — ele faz parte e continuará integrado à transformação digital.

Mas, para haver ganhos exponenciais dentro das organizações, é necessário implementar soluções de Big Data que possam processar esse volume de dados – tanto interna quanto externamente à organização. Além disso, a Inteligência Artificial, ao longo da sua cadeia de valor, antecipa decisões e confere a possibilidade de extrair o maior valor possível dos dados.

Ou seja, é hora de trabalhar os dados com muito mais assertividade e inteligência, com o apoio de ferramentas mais avançadas. A sua empresa e o seu time estão preparados para isso?

Emerson Kuze
Consultor, Conselheiro e Investidor de startups

Quantas vezes você já se deparou com pessoas egocêntricas, vaidosas, que dão extrema importância a seus interesses e lutam com todas as armas pelo poder? No universo corporativo, essa combinação de sentimentos comum aos seres humanos pode ser um divisor de águas para o negócio, tanto para o bem quanto para o mal.

Uma empresa dominada pelo ego e por vaidades, tende a ter seus ambientes marcados por conflitos e discussões pouco produtivas, além de disputas por poder que ocorrem nas situações mais diversas e adversas, as quais nunca privilegiam os interesses do todo e para o bem de todos.

Para estabelecer harmonia dentro de uma equipe, é necessário buscar o equilíbrio, virar a chave: trocar o poder por responsabilidade, iniciativa e liderança positiva. Foi dessa reflexão que surgiu o termo EVIP. Ele nada mais é do que a combinação das palavras EGO e VIP, do inglês Very Important Person.

A sigla reúne as iniciais de vaidade, interesse e poder, e é uma proposta para focar em soluções que tragam melhorias para a sociedade e evolução humana – em uma humanidade atualmente caracterizada pela sede de poder.

Nesse cenário, as mídias sociais potencializaram o egocentrismo e as vaidades, elevando o culto à imagem e democratizando as situações do cotidiano, em um nível que vai muito além do que é saudável para nosso corpo, mente e alma.

Quanto menor ou mais equilibrado o EVIP, maior e mais elevado é o ser humano.

Na contramão da dificuldade em pedir perdão, da prevalência das próprias vontades, da necessidade de reconhecimento constante, da contrariedade ao ouvir críticas e da oposição constante e em sintonia com o EVIP, Jim Collins trabalha o conceito de Liderança Nível 5.

O autor norte-americano de “Empresas feitas para vencer” defende que esse é o modelo ideal de líder, alguém que atingiu o topo e concilia as habilidades dos outros quatro níveis: capacidades individuais, de equipe, de administração e de liderança. Somado a isso, tem ainda a capacidade de ser humilde. É a figura de um líder que trabalha pelo grupo, deixando de lado qualquer ambição pessoal.

Simplicidade e humildade são princípios que, adotados com perseverança, agregam e geram uma onda de positividade, agilidade, criatividade, colaboração, união e capacidade de construção ímpar. Acredito que esses princípios são as maiores armas para equilibrar o EVIP e enfrentar a complexidade do mundo.

Você pode utilizar o EVIP em tudo que você vai fazer na sua vida, basta refletir sobre isso antes de tomar decisões ou agir no seu dia-a-dia. Por exemplo, quando for contratar um novo colaborador ou fechar uma parceria, pense e analise: se o ego é muito inflado, se as vaidades estiverem à flor da pele, se os interesses não estiverem muito claros e se a prioridade for o poder, tenha muito cuidado, pois pode ser um bomba preste a explodir.

Todos nós temos ego, vaidades, interesses e a sociedade é movimentada pelo poder. Troque poder por responsabilidade e liderança positiva e construtiva, busque clareza de interesses, ego e vaidades equilibrados.

Lembre-se sempre que estamos em uma jornada constante de aprendizado e com encontros e ajustes de caminhos.

Muito se fala em transformação digital no varejo – que obviamente começa por revisitar questões de cultura, pessoas, liderança, design organizacional e modelos de negócio.

No entanto, temos que estar atentos às mudanças sociais e econômicas em geral, tais como comportamentos das pessoas, mercados, evolução da ciência e tecnologia, velocidade das mudanças, etc.

Mesmo assim, isso tudo pode não ser suficiente. É preciso algo mais…

O objetivo deste texto é reforçar que, no varejo em específico, a transformação digital e de negócio não vai estar completa ou estrategicamente endereçada se não for feita no nível dos processos core de negócio, tais como inteligência comercial (e.g. AI/ML, Analytics, Merchandise Planning, Demand Forecasting, etc.), ciclo de vida dos produtos, gestão dos estoques end-to-end, supply chain, canais de venda, relacionamento com o cliente em todos os ambientes (físicos ou digitais) e Omni-Intelligence, que representa a dimensão de um profundo conhecimento do cliente e sua jornada de interação nos diferentes pontos de contato, do mercado, de produto e serviços, através de dados e de todo o saber relacionado.

A reflexão que quero trazer é que ainda é comum observarmos empresas de médio e grande porte executando os seus processos core – tais como ciclo de vida de produtos – de forma totalmente manual ou, eventualmente, analógica.

Outros exemplos são a tentativa de operar processos de previsão de demanda e reposição de produtos manualmente ou recorrendo a técnicas antigas (podendo algumas delas ser consideradas rudimentares) e não otimizadas para os desafios atuais.

Em contrapartida, em outros processos de back-office, os investimentos em softwares e tecnologias são milionários – o que não está necessariamente errado.

Líderes, principalmente diretores e conselheiros, têm que avaliar esta questão com muita profundidade, fazendo perguntas para si, para seus pares e demais líderes na empresa:

O que é esse negócio? O que sustenta esse negócio? Qual origem e essência deste negócio? O que pode tirar esse negócio do mercado? Quais ações de transformação podem ser feitas na causa raiz que vão beneficiar toda a cadeia?

Por fim, fica a provocação de que aproximadamente 90% do que lemos e ouvimos não parece necessariamente novo, o que demonstra estar faltando execução e entrega de valor!

Emerson Kuze, sócio-fundador da Leev Business Advisors, CEO da IKSTech e membro do comitê de gestão da +praTi