(*) Aline Autran de Morais
O South Summit Brasil 2025 reuniu líderes globais, startups, investidores e corporações para discutir como tecnologia, cultura, propósito e estratégia estão redefinindo os negócios. Ao longo de três dias intensos, o evento mostrou um cenário de rápidas transformações tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor. Trouxe reflexões profundas sobre inteligência artificial (IA), blockchain, varejo, sustentabilidade, cultura organizacional e outras áreas-chave dos negócios, oferecendo uma visão estratégica para os empresários que buscam se adaptar e prosperar em um cenário de transformação acelerada.
Este artigo consolida alguns dos principais aprendizados das palestras, oferecendo um panorama das tendências, oportunidades e desafios que moldarão o futuro nesse mercado cada vez mais competitivo.
A Inteligência Artificial como Motor de Transformação
Um dos temas centrais do South Summit foi, sem dúvida, o papel transformador da Inteligência Artificial (IA). A IA não é mais uma promessa futura — é uma ferramenta essencial e um catalisador de mudanças estruturais nos negócios. Escalar, personalizar e decidir melhor são ganhos já acessíveis, desde que o fator humano continue no centro das decisões.
- Potencial Econômico: A IA representa a maior oportunidade econômica, com potencial de contribuir com 60 trilhões de dólares para o PIB mundial até 2030.
- Aplicações Diversas: A IA está remodelando setores inteiros, desde o varejo e e-commerce até a otimização de processos internos. No marketing, a IA auxilia na personalização da comunicação e na análise do sentimento do cliente.
- Implementação Estratégica: Para aproveitar ao máximo a IA, as empresas precisam definir KPIs claros e objetivos específicos, garantindo que os insights gerados sejam acionáveis. A decisão entre comprar soluções prontas ou desenvolver internamente (buy vs. build) deve ser estratégica, considerando a necessidade de customização e expertise.
- Integração com Conhecimento de Negócios: O verdadeiro diferencial competitivo reside na integração da tecnologia com o conhecimento profundo do setor. Soluções de IA que resolvem problemas específicos e geram resultados financeiros rápidos tendem a encontrar menos resistência à adoção.
- Convergência com Blockchain: O blockchain está se consolidando como a infraestrutura essencial da Web3, permitindo transações descentralizadas, seguras e transparentes. A IA e o blockchain são vistas como forças complementares, com potencial para gerar grande propriedade e segurança.
- IA no Varejo: A inteligência artificial está redefinindo o varejo ao oferecer personalização em escala e automação avançada. A IA também é crucial para a entrega rápida e eficiente.
Empresas que integram a IA de forma estratégica já colhem ganhos reais em produtividade, eficiência e novos modelos de negócio. Além disso, a IA abre novos modelos de negócios e oportunidades que ainda não conseguimos prever totalmente.
Cultura, Liderança e Gente como Diferencial Competitivo
Tecnologia sem cultura é só ferramenta. Empresas bem-sucedidas estão investindo na construção de culturas organizacionais fortes para enfrentar os desafios da transformação digital, pois a cultura organizacional é o verdadeiro motor da inovação.
- Cultura como Ferramenta de Gestão: Times coesos são mais resilientes frente às mudanças tecnológicas rápidas.
- Liderança Inspiradora: Líderes devem alinhar valores organizacionais com as metas estratégicas, promovendo inovação contínua. A liderança precisa criar segurança psicológica para adoção de IA e novas práticas.
- IA na Gestão de Pessoas: Ferramentas baseadas em IA podem automatizar processos de RH e melhorar a tomada de decisão estratégica.
- As equipes do futuro serão compostas por pessoas e agentes autônomos. Para isso, é essencial que esses agentes sejam confiáveis, auditáveis e operem com supervisão humana.
- A importância de focar no que não muda, como seleção, preço e conveniência para os consumidores, assim como talento nas equipes.
Varejo em Transformação: Omnicanalidade e Personalização como Regra
O consumidor mudou — e a estrutura das marcas precisa mudar junto. Personalização, storytelling e a construção de comunidade são os novos diferenciais competitivos no varejo. Embora uma grande parte das compras comece online, a maioria ainda é finalizada em lojas físicas.
- Híbrido: Integração real entre físico e digital. Marcas como Lojas Renner, Pandora e SHEIN mostraram que o cliente começa online, termina offline (e vice-versa).
- Personalizado: Criar lojas (físicas ou digitais) com experiências altamente personalizadas, IA no varejo, sortimento com dados, e comunicação 1:1.
- Precificação Dinâmica: IA analisa variáveis como demanda local e perfil do cliente para ajustar preços em tempo real.
- Agentes Autônomos: “Funcionários digitais” gerenciam estoque, marketing e atendimento ao cliente, com supervisão humana para validação de decisões.
- Experiência Personalizada: Exemplo da Amazon: lojas físicas onde prateleiras se ajustam ao perfil do cliente detectado por câmeras com IA.
- Experiencial: Proporcionar experiências memoráveis e convenientes. Lojas físicas ganham novo papel: mídia viva, palco de lives, experiência de marca e conexão com o consumidor.
- Sustentável: do produto à logística, o consumidor exige responsabilidade e propósito.
- Produção Local: Modelos sob demanda evitam desperdício e otimizam recursos naturais.
- Impacto Social: Empresas estão investindo em projetos sociais e ambientais que fortalecem sua marca enquanto promovem o bem-estar comunitário.
Inovação com Propósito
Empresários que souberem navegar por essas tendências, abraçando a inovação e cultivando uma cultura de aprendizado contínuo, estarão melhor posicionados para prosperar no cenário empresarial em constante evolução. Definir e comunicar claramente o propósito da empresa fortalece o alinhamento cultural, engaja o time e cria conexões reais com os consumidores.
- O diferencial competitivo está na combinação de comunidade, propósito, dados e adaptação.
- Adote IA como infraestrutura, não apenas como projeto isolado; automatize processos enquanto mantém supervisão humana estratégica.
- Empresas resilientes (os “camelos”) ganham espaço no debate, com sustentabilidade financeira e visão de longo prazo.
- Cultura Organizacional: Contratar líderes alinhados ao propósito da empresa é essencial para evitar desalinhamentos durante a escalada.
- A importância de não se esquecer de monetizar e gerar receita. É preciso a capacitação dos fundadores e colaboradores e a preservação do caixa para não destruir o capital.
Sobreviver Não Basta: É Hora de Liderar a Mudança
O South Summit Brasil 2025 reforçou que o futuro dos negócios será moldado por quem souber integrar tecnologia com estratégia, cultura com inovação e propósito com execução. Empresas que abraçam a disrupção com visão e consistência não apenas sobrevivem — lideram.
Estamos entrando em um novo ciclo, onde o que separa empresas relevantes das obsoletas não é o acesso à tecnologia, mas a coragem de liderar com clareza, cultura e propósito.
O South Summit 2025 foi um mapa. Agora, cabe aos líderes decidirem como — e para onde — querem seguir.
