Transformação digital no varejo

Muito se fala em transformação digital no varejo – que obviamente começa por revisitar questões de cultura, pessoas, liderança, design organizacional e modelos de negócio.

No entanto, temos que estar atentos às mudanças sociais e econômicas em geral, tais como comportamentos das pessoas, mercados, evolução da ciência e tecnologia, velocidade das mudanças, etc.

Mesmo assim, isso tudo pode não ser suficiente. É preciso algo mais…

O objetivo deste texto é reforçar que, no varejo em específico, a transformação digital e de negócio não vai estar completa ou estrategicamente endereçada se não for feita no nível dos processos core de negócio, tais como inteligência comercial (e.g. AI/ML, Analytics, Merchandise Planning, Demand Forecasting, etc.), ciclo de vida dos produtos, gestão dos estoques end-to-end, supply chain, canais de venda, relacionamento com o cliente em todos os ambientes (físicos ou digitais) e Omni-Intelligence, que representa a dimensão de um profundo conhecimento do cliente e sua jornada de interação nos diferentes pontos de contato, do mercado, de produto e serviços, através de dados e de todo o saber relacionado.

A reflexão que quero trazer é que ainda é comum observarmos empresas de médio e grande porte executando os seus processos core – tais como ciclo de vida de produtos – de forma totalmente manual ou, eventualmente, analógica.

Outros exemplos são a tentativa de operar processos de previsão de demanda e reposição de produtos manualmente ou recorrendo a técnicas antigas (podendo algumas delas ser consideradas rudimentares) e não otimizadas para os desafios atuais.

Em contrapartida, em outros processos de back-office, os investimentos em softwares e tecnologias são milionários – o que não está necessariamente errado.

Líderes, principalmente diretores e conselheiros, têm que avaliar esta questão com muita profundidade, fazendo perguntas para si, para seus pares e demais líderes na empresa:

O que é esse negócio? O que sustenta esse negócio? Qual origem e essência deste negócio? O que pode tirar esse negócio do mercado? Quais ações de transformação podem ser feitas na causa raiz que vão beneficiar toda a cadeia?

Por fim, fica a provocação de que aproximadamente 90% do que lemos e ouvimos não parece necessariamente novo, o que demonstra estar faltando execução e entrega de valor!

Emerson Kuze, sócio-fundador da Leev Business Advisors, CEO da IKSTech e membro do comitê de gestão da +praTi